Os Diários de Victor Klemperer, Victor Klemperer

Os Diários de Victor Klemperer, Victor Klemperer
Editados na Alemanha em 1995, esses Diários vão de 1933 a 1945. Descrevem a ação do nazismo no dia-a-dia e desmentem, por exemplo, que ninguém tivesse conhecimento de certas atrocidades: em 1942, havia indicações claras sobre os campos de extermínio. Victor Klemperer (1881-1960), judeu alemão convertido ao protestantismo, professor universitário de línguas e literaturas românicas, escreveu milhares de páginas sobre o tempo em que viveu.
Pela honestidade intelectual, pelo senso humanístico e pela própria abrangência das anotações, seus Diários foram imediatamente acolhidos como um testemunho único. E há neles uma dramaticidade própria: o leitor sabe que o autor sobreviveu, mas Klemperer vive e fixa cada momento como se fosse o último."Ler as anotações quase cotidianas de Klemperer é uma experiência hipnótica, difícil de interromper; o conjunto é uma verdadeira história do assassinato - do ponto de vista da vítima."Peter Gay, New York Times Book Review/Folha de S.Paulo"Por que esses Diários tiveram de esperar cinqüenta anos pela publicação? [...] Foi preciso que um muro caísse para que enfim esse documento extraordinário chegasse até nós?"Michael Nerlich, Le Monde
SOBRE O AUTOR

O professor doutor Victor Klemperer, judeu alemão (asquenazi), (nascido a 9 de Outubro de 1881 em Landsberg an der Warthe, falecido a 11 de Fevereiro de 1960 em Dresda) foi um professor universitário de filologia românica na Universidade de Dresda até que foi demitido de suas funções em 1935, dois anos depois da chegada ao poder de Hitler. Foi um dos poucos habitantes de Dresda de origem judaica que sobreviveram ao Holocausto sem terem fugido para a Palestina, os Estados Unidos ou outros refúgios. 


Victor Klemperer tornou-se famoso pelo diário que ele manteve relatando a sua vida em Dresda nos anos do nazismo, um período crítico da história da Alemanha. Trata-se de um documento histórico de grande valor, no qual podemos hoje ler detalhadamente as chicanas, os insultos, as cuspidelas na cara, proibições, prisão, o roubo da sua propriedade e outras humilhações que as autoridades nazis e a grande massa dos seus compatriotas "arianos" lhe infligiram pessoalmente todos os dias. Lemos também aquilo que se passou com os seus concidadão judeus que por um motivo ou outro não fugiram da Alemanha (a maioria não conseguiu obter os vistos de autorização), e ficando na Alemanha tiveram menos sorte do que ele, sendo deportados para os campos de extermínio, ou, incapazes de aguentar a opressão, cometeram o suicídio.

Victor Klemperer nem sequer praticava o judaísmo, era protestante. Mas seus pais eram judeus, desde logo o suficiente para que tivesse que usar a estrela de David ao peito, fosse obrigado a assinar todos a correspondência e documentos oficiais com o nome "Victor Israel Klemperer", ficasse proibido de possuir animais de estimação, de frequentar a biblioteca pública (o seu pior tormento e o fim da sua produção literária académica), ou mesmo de ir ao cabeleireiro. A sua sorte foi ser casado com uma mulher protestante, que o acompanhou no destino trágico, vivendo no quarto do marido na "casa dos judeus", tendo sido chamada de prostituta, esbofeteada pelas autoridades nazis, que revistavam frequentemente os aposentos. 


Graças ao casamento "misto" (a expressão usada pelos nazis para se referirem a casais dos quais só uma pessoa é de origem judaica), Klemperer não foi deportado como a maioria dos judeus, apesar de não ser seguro que isso não iria acontecer. Em 1945, quando Dresda é bombardeada, Klemperer aproveita-se do caos nas ruas e desfaz-se da sua estrela de David, fazendo-se passar por "ariano". Foi a sua salvação. A muito custo, conseguiu evitar ser denunciado, juntamente com a mulher permanentemente em caminhada pelas cidades alemãs semidestruídas. Apesar de continuar a existir polícia secreta e execução de desertores ou de judeus que não usassem a estrela de David, a organização das autoridades nazis já não era tão eficiente de forma a que pudessem confirmar a verdadeira identidade de Victor Klemperer e sua mulher.

Aguentaram neste estado o tempo suficiente até que o exército americano libertou a pequena povoação onde foram encontrados.

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